Fuja de quatro hábitos que afetam o seu DNA
Cigarro, álcool, exposição ao sol e alimentação inadequada modificam nossos genes
Alguns hábitos, como fumar, alimentação inadequada e a grande ingestão de álcool podem prejudicar o funcionamento de nosso organismo. Só isso já os coloca na lista de inimigos da saúde. Mas os malefícios não param por aí. Consumir algumas substâncias pode ainda mudar a expressão de alguns de nossos genes, aumentando as chances de doenças como câncer e infertilidade. "Alguns hábitos, como o fumo, podem modificar algumas sequências de nosso DNA. Enquanto outros aumentam as chances de certos genes causadores de doenças se manifestarem", diz o imunologista Luiz Vicente Rizzo, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Fique longe do cigarro
A lista dos malefícios que o cigarro traz à nossa saúde é extensa. O que muitos fumantes não sabem é que muitas das mais de 1500 substâncias tóxicas encontradas no cigarro podem não só alterar o funcionamento do DNA, como também causar algumas mutações, ou seja, criam alguns genes que não eram para existir naturalmente.
Fumante- Foto Getty Images
Segundo um estudo feito pela Universidade Cornell, em Nova York, o fumo, tanto o passivo quanto o ocasional, cria genes causadores de câncer nas células pulmonares. "O cigarro não só interfere nas funções dos pulmões, mas também cria genes que dão origem a células cancerígenas. Um estudo no estado americano de Nova York mostrou que 100% dos casos de câncer de pulmão de uma determinada população foram causados pelo cigarro", explica Luiz Vicente Rizzo.
Além disso, uma pessoa que para de fumar não tem os seus genes normalizados, só impede que novas anomalias surjam.
Exposição ao sol só com FPS
Ficar muito tempo exposto ao sol também entra na lista de inimigos dos genes, por isso que a incidência de câncer de pele é maior entre aquelas pessoas que não se protegem da radiação solar. O câncer de pele está entre os que mais matam no mundo. De acordo com Instituto Nacional do Câncer, embora o câncer de pele seja o tipo de câncer mais frequente, correspondendo a cerca de 25% de todos os tumores malignos registrados no Brasil, quando detectado precocemente este tipo de câncer apresenta altos percentuais de cura.
Bebida alcoólica- Foto Getty Images
Alimentação e álcool
A alimentação feita de forma consciente não é um problema. "Nenhum alimento natural afeta o funcionamento e a expressão dos genes malignos. Mas em alguns lugares, a água e o solo onde são produzidos alguns alimentos estão contaminados com metais pesados, como mercúrio e chumbo", diz o especialista.
Esses metais intoxicam as células e aumentam as chances de desenvolver câncer e podem ser encontrados em praticamente qualquer tipo de alimento. Por isso, antes de comprar um produto, verifique se ele foi produzido por fornecedores de confiança e que tenham selo de qualidade e aprovação da Anvisa.
O álcool, diferente do cigarro, precisa de maiores quantidades para causar danos ao nosso DNA, principalmente na região do fígado. Mas o seu consumo deve ser controlado para evitar problemas como cirrose e câncer de fígado.
Transmissão para os filhos?
Em relação à hereditariedade dos problemas, o especialista Luiz Vicente Rizzo afirma que as mulheres não passam para os filhos as alterações no DNA que desenvolveram durante a vida, a não ser que esses hábitos sejam frequentes durante a gestação. Já os homens têm probabilidade de causar alguns problemas para a criança. "Ao contrário da mulher, que já nasce com seus óvulos formados, os homens produzem espermatozoides constantemente. Fumar, ficar exposto a fumaça de carros, tomar anabolizantes e ingerir muito álcool altera os genes dos espermatozoides e consequentemente passa alguns problemas para os filhos", diz o imunologista.
Vegetais- Foto Getty Image
Amigos dos genes
Se alguns maus hábitos agem como vilões ao nosso DNA, algumas medidas podem fazer com que genes causadores de mutações não se manifestem. "Entre os hábitos que agem a favor de nossos genes estão a prática de exercícios físicos e uma alimentação rica em antioxidantes e fibras", diz o imunologista.
Um estudo feito pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, mostrou que pacientes que sofriam com câncer de próstata e passaram a ter uma dieta rica em vegetais, com quantidades controladas de gorduras e faziam tratamentos para controlar o estresse, tinham o organismo mais propenso a lutar contra o câncer. Segundo os cientistas isso aconteceu porque essas medidas diminuíram a atividade dos genes ligados ao surgimento de tumores.
Os exercícios também têm papel fundamental na hora de controlar a expressão de genes causadores de doenças. "Está comprovado que o excesso de gordura no corpo aumenta as chances de que alguns genes relacionados à origem de cânceres se manifestem. Por isso, ficar em forma é benéfico aos genes", diz Luiz Vicente Rizzo.
Um estudo feito pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos mostrou que uma alimentação balanceada ajuda a diminuir o avanço do câncer de próstata. Os médicos recrutaram 30 pacientes com câncer de próstata em estágio inicial e os submeteram por três meses a um programa que incluía dieta rica em vegetais e pobre em gorduras, exercícios moderados, técnicas de controle do estresse e participação em grupos de apoio. Logo em seguida veio a constatação por meio de moderníssimos exames de DNA: essas medidas diminuíram a atividade de genes ligados ao surgimento de tumores e aumentaram a ação daqueles envolvidos na capacidade do organismo de enfrentá-los. O que ajudou a brecar a evolução do problema.
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